sexta-feira, 21 de setembro de 2007

VIDA A DOIS


Por concordar com o texto, resolvi postar.
O ser humano somente tem chances de se realizar através do outro. O outro é nossa maior fonte de alegria e prazer, mas também pode nos proporcionar os maiores sofrimentos. Ficar sozinho às vezes parece interessante, mas a solidão é uma sensação difícil de ser suportada. Outra característica humana é a inconstância, desejando sempre mais do que tem ou então acreditando que o que não tem é muito melhor do que o que tem. As pessoas se esquecem que as relações precisam ser construídas. Não existe príncipe ou princesa encantados. Quando temos sorte encontramos no máximo um sapo encantado. Trocar de amor pode ser bom e necessário, mas não se pode esquecer que apenas se está trocando de problemas, porque o encantamento também irá passar e a relação vai precisar ser construída para ter uma mínima chance de sobreviver.
A convivência a dois quase sempre começa com um grande encantamento, onde a fantasia transforma o objeto de desejo em alguém muito especial ainda que não o seja. O problema é que o encantamento, assim como a paixão, que muitas vezes se confundem, duram pouco. A sensação de bem estar, proteção e felicidade sentidos durante o encantamento costuma ser inigualável, levando muitas pessoas a tomar decisões sob a proteção do seu manto, o que pode se caracterizar um grave erro.
Muitos são os segredos que levam casais a convivência saudável e respeitosa por décadas. Não existe fórmula para isso uma vez que as pessoas são diferentes e a relação que se cria é conseqüência das características de personalidade dos dois. Mas alguns itens são dados valiosos e fazem a diferença. Dentre eles podemos citar o respeito, o carinho, a cumplicidade e o diálogo. Um dos principais motivos de convivência tumultuada ou mesmo separações é o desrespeito que pode vir de ambas as partes, mas parece acontecer com mais freqüência com os homens. Nossa organização familiar sempre privilegiou os homens em detrimento das mulheres. Alguns lidam com a mulher como se esta fosse posse sua e estabelecem privilégios para si próprios. Relações de afetividade somente tem futuro se os direitos e deveres de ambos sejam semelhantes.
O carinho pode permear todas as relações humanas, mas nenhum carinho pode ter a intensidade e ternura que o trocado por duas pessoas que se respeitam e se amam. Poucos casais talvez consigam compartilhar esse tipo de afeto tão especial, em função dos problemas do dia a dia. Mas essa possibilidade está aí a disposição de ambos e só depende deles compartilhar. A cumplicidade é outra característica que dá sustentação às relações sólidas e duradouras. Ela é conseqüência do respeito mútuo, onde os interesses e bem estar do casal estão acima dos interesses de outras pessoas. O termômetro do grau de deterioração de um relacionamento tem relação direta com a perda da cumplicidade. Costumo dizer que a melhor forma de preservar um relacionamento é ir resolvendo os problemas a medida que vão aparecendo. Morei em S. J. dos Campos onde tem muito cupim. Tínhamos um campo de futebol no colégio onde estudava onde, em determinado momento, surgia um cupim. Conseguíamos manter o campo sempre pronto para jogos porque cada vez que surgia um novo cupinzeiro o tirávamos e matávamos a rainha para que o mesmo não mais voltasse. Um mês ou mesmo uma semana sem fazermos isso e no campo já teria algumas dezenas de cupinzeiros o que tornaria impraticável qualquer jogo.
O diálogo diante dos problemas, onde é melhor cada um ceder um pouco, em busca de solução, tem semelhança com os cupins. Cada problema é como um novo cupinzeiro que aparece. Dialogar e ceder é retirar os cupins antes que proliferem.
Autor: Cláudio Vital de Lima Ferreira, Psicólogo

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